28.12.11

Por um voto classista aberto



As eleições de 2010 se realizarão num cenário de quase completo controle político da burguesia. Todo o debate está sendo feito em torno das principais candidaturas burguesas, que são Serra e Dilma, que travarão uma disputa de morte pelo controle do Estado. O PSDB vai usar a grande imprensa, jornais, revistas e TVs. O PT vai usar os sindicatos e outros movimentos sociais, ONGs, etc. Os partidos vão usar todos os instrumentos à sua disposição para dar a essa disputa os contornos de um confronto épico, como se diferenças fundamentais estivessem em jogo.

A burguesia pode até mesmo se dar ao luxo de apresentar uma terceira alternativa, através de Marina, como forma de contemplar aqueles que estão descontentes com o PT e o PSDB. Todas as formas de descontentamento social, como greves e mobilizações, foram duramente atacadas, para que não pudessem gerar nenhum tipo de polarização na sociedade, nenhuma outro tipo de debate além do que gira em torno das candidaturas principais. O fundamental para a classe dominante é que não se apresente nenhum outro projeto alternativo.

É nesse momento que se faz mais necessário do que nunca construir um movimento político dos trabalhadores, que apresente uma alternativa classista e socialista para disputar a consciência da classe, em torno de um projeto de ruptura com o capitalismo e construção do socialismo. A construção desse movimento passa necessariamente pela unidade de ação das organizações e partidos operários. As principais correntes, que são os partidos operários, são os principais responsáveis por não termos a unidade até agora, seja no CONCLAT ou numa frente eleitoral.

Apesar de todos os graves vícios metodológicos e sérias debilidades programáticas dos partidos operários e das críticas que lhes fazemos, entendemos que não se pode deixar o terreno das eleições inteiramente livre para a burguesia. Para votar contra a burguesia e seu projeto, em favor de um projeto classista e socialista, e na ausência de uma frente, a defesa que fazemos da unidade se manifesta em um voto classista nos candidatos dos partidos operários. Não cabe fazer distinções entre PSOL, PSTU e PCB, pois as virtudes que possam ter em determinado terreno não compensam os vícios que manifestam em outros, de modo que seu conteúdo político se equivale.

Para além das eleições, permanece em aberto a tarefa de construir um movimento político unitário, enraizado na base, através de um programa de luta, que realize a disputa de consciência e apresente o socialismo como alternativa de emancipação da classe trabalhadora.

Daniel Menezes Delfino
18/07/2010

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